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  • Foto do escritorAna Lorena

Introdução Alimentar e Alimentação na Infância! O que preciso saber?


A alimentação da criança, além ser a fonte de nutrientes e energia para o suas atividades do dia a dia, também está relacionada ao bom desenvolvimento desta!

Convidamos duas profissionais da área para tirar algumas dúvidas sobre este assunto e dar algumas dicas sobre como é possível ajudar a criança a começar desde cedo uma alimentação adequada, contendo tudo aquilo que é necessários para ela.

As nutricionistas Tatiana Santos (@nutrirbemtati) e Bianca Martins vão nos ajudar a entender um pouquinho melhor sobre o assunto!

Entrevista:

- Por que é importante pensar na alimentação dos bebês / crianças desde novos?

Tatiana e Bianca: A formação dos hábitos alimentares ocorre ainda na infância, especialmente no primeiro ano de vida e na idade escolar. Por isso é de grande importância que sejam oferecidos alimentos saudáveis à criança desde a fase da introdução alimentar, evidando oferecer alimentos ultraprocessados. Essa é a melhor forma de promover um estilo de vida saudável até na fase adulta e evitar doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão, por exemplo. Quando a gestação é planejada, o ideal é manter hábitos saudáveis antes mesmo da concepção e durante toda a gestação e amamentação, pois sabe-se que os sabores dos alimentos são passados pela barreira placentária e pelo leite materno, influenciando nas preferências dos bebês na fase da introdução alimentar.

- A alimentação está relacionada a alguns aspectos do desenvolvimento da criança? Pode acabar por interferir no seu desenvolvimento?

Tatiana e Bianca: Com certeza! Já é comprovada a associação positiva entre o aleitamento materno e o desenvolvimento físico, mental e psíquico na infância, adolescência e vida adulta. Outro momento de grande valor para o desenvolvimento infantil é a introdução dos alimentos complementares. Quando a criança apresenta deficiência na ingestão de algum nutriente essencial, ela pode ter seu desenvolvimento prejudicado. Além da importância dos nutrientes para o crescimento e desenvolvimento saudáveis, nessa fase o bebê aprende novas habilidades tais como: explorar objetos com os lábios e a língua, morder, mastigar, engolir e capturar objetos e alimentos menores em movimento de pinça (entre o dedo indicador e o polegar). Por isso é tão importante nunca oferecer os alimentos liquidificados, processados, peneirados ou misturados.

- E a aprendizagem? Há alguma relação com a alimentação na infância?

Tatiana e Bianca: Uma alimentação desequilibrada resulta em um défict no desenvolvimento e baixa capacidade de raciocínio, o que influencia diretamente na dificuldade na aprendizagem da criança. Existem micronutrientes (vitaminas e minerais) essenciais para o bom funcionamento do cérebro e do corpo em geral. Crianças bem nutridas têm maior facilidade para aprender, pois conseguem raciocinar corretamente. Já as crianças que não recebem nutrientes de maneira adequada, têm sua capacidade de raciocínio e de aprendizagem prejudicadas. O segredo é manter uma alimentação equilibrada, consumindo carboidratos, proteínas, gorduras, vegetais, frutas e bebendo bastante água diariamente.

- Quais os cuidados que se deve ter com a alimentação de crianças na introdução alimentar?

Tatiana e Bianca: A introdução alimentar deve ser feita preferencialmente aos 6 meses de idade, como preconiza a OMS. Sei que muitas mães retornam ao trabalho antes e precisam antecipar um pouco esse momento. O mais importante de tudo é procurar um nutricionista materno-infantil para te auxiliar na escolha dos métodos para oferecer os alimentos. Eu gosto muito do método BLW (Baby-led Weaning), no qual os alimentos são oferecidos sólidos, cozidos em pedaços que o bebê possa segurar e levar até a boca sem utilizar talheres. Porém, em alguns casos os bebês podem não estar aptos para experimentar essa técnica. É importante consultar o pediatra ou a fonoaudióloga do seu bebê antes de optar por esta técnica! Mas independentemente da técnica escolhida, deve-se é selecionar e higienizar bem os alimentos (preferindo sempre que possível os orgânicos), cozinha-los utilizando pouquíssimo ou nenhum sal e temperos naturais, e não amassar, peineirar, liquidificar nem misturar os alimentos para que o bebê aprenda a mastigar e a reconhecer cores, texturas e sabores de cada alimento. E o principal: nunca oferecer alimentos ultraprocessados, como doces, salgadinhos, refrigerantes, biscoitos, queijinhos tipo petit suisse que são vendidos como alimentos para criança, mas são ricos em açúcares, conservantes e corantes.

- E quais os cuidados que se deve ter em uma fase posterior, quando a criança tem por volta de 5 ou 6 anos? Existem cuidados específicos para esta fase também?

Tatiana e Bianca: É nessa faixa etária que a criança iniciará sua vida escolar, passando a sofrer influência do grupo social na escolha de alimentos. É nessa idade também que aumentam os casos de crianças obesas e com sobrepeso, pois é comum que elas passem a ingerir alimentos inadequados na escola e tenham uma vida sedentária. Aos 5 e 6 anos, a criança já deve apresentar vocabulário amplo, conversar mais, falar o que pensa, fazer mais perguntas e estabelecer uma boa conversação com outras pessoas, portanto os pais podem e devem conversar com a criança explicando a importância de comer alimentos saudáveis e evitar as frituras, salgadinhos, refrigerantes e balas.

- Sabemos que a maioria das crianças passa por algumas fases aonde não querem comer todos os tipos de alimento. Existe alguma estratégia para lidar com esta fase e conseguir que a criança se alimente bem e aceite experimentar novos alimentos?

Tatiana e Bianca: Toda mãe sabe que o processo de introdução alimentar de um bebê é muito difícil na maiorida das vezes e requer muita paciência. Muitas crianças têm medo de experimentar novos alimentos e sabores. E é normal que elas não gostem de todos os alimentos. E é normal também que em alguns dias ela não esteja com vontade daquele alimento ou simplesmente não tenha fome. É fundamental que a criança tenha desde cedo a percepção de que comer precisa ser um ato de prazer, o que poderá inclusive evitar transtornos alimentares graves futuramente. A melhor estratégia para conseguir que a criança se alimente bem e aceite experimentar novos alimentos é dar o exemplo! Se os pais só comerem e comprarem alimentos saudáveis, a criança viverá em um ambiente com alimentos saudáveis e não terá a opção de “comer besteiras”, como muitos pais reclamam. E quando ela sentir fome, ela vai comer. É claro que em casos extremos onde os pais fazem tudo isso (comem bem, só têm comida saudável em casa, respeitam a fome da criança, oferecem os alimentos com textura, cor e sabor agradáveis) e ainda assim a criança não come, deve-se procurar um nutricionista especialista em saúde da criança para avaliar o caso e tentar estratégias pensadas especialmente para essa criança.

- Qual a importância dos pais na alimentação das crianças?

Tatiana e Bianca: O padrão de alimentação envolve a participação efetiva dos pais como educadores nutricionais, através das interações familiares que afetam o comportamento alimentar das crianças. Para mutios pais o mais importante é saciar a fome dos filhos, sem se preocupar se vai comprometer a saúde do filho futuramente, mas eles precisam ser exemplos, já que eles que determinam o que se consome dentro e fora de casa. Não adianta os pais obrigarem a criança a comer verdura se no prato deles só tiver feijão, arroz e batata-frita. Os hábitos alimentares devem ser passados como exemplo. O certo é que a criança seja um incentivo para que toda família coma melhor. A criança vai querer comer o mesmo que tiver no prato dos pais, por isso é crucial que toda a família mantenha uma alimentação equilibrada e não consuma alimentos ultraprocessados. Além de estimular a alimentação saudável, deve-se estimular a prática de atividade física, evitando que a criança fique muitas horas do dia assistindo à TV ou brincando com celulares e computadores.

- E a escola? Também tem importância na alimentação das crianças?

Tatiana e Bianca: Os pais são os responsáveis pela oferta dos primeiros alimentos da criança, mas a escola também tem um papel relevante na alimentação infantil. Quando a criança está inserida em uma escola que se preocupa com a nutrição e não oferece as tradicionais frituras, doces e refrigerantes fica bem mais fácil manter os hábitos saudáveis adquiridos na fase da introdução alimentar e mantidos até esse momento. Hoje podemos comemorar, pois as cantinas das escolas tem sido alvo da ação do Ministério da Saúde proibindo alimentos ricos em açucar, sódio e gorduras, mas é claro que o diálogo com os pais é primordial, eles precisam ensinar e explicar a importância de se comer saudável e muita das vezes diferente dos amiguinhos. Se a criança leva seu próprio lanche, o responsável pela montagem da lancheira deve optar por alimentos naturais e frescos e nunca esquecer a garrafinha de água! Quando a introdução alimentar foi feita de maneira inadequada, essa é uma excelente oportunidade para modificar os hábitos da criança e de toda a família.

- Sabemos que a alimentação mais natural é muito rica em nutrientes. Porém, normalmente é mais trabalhosa e menos prática podendo atrapalhar na rotina das mães. Você tem alguma dica para tornar mais fácil este planejamento e organização da alimentação para o dia a dia?

Tatiana e Bianca: Falamos sempre que o ideal é oferecer os alimentos frescos e feitos na hora. Se isso for possível, perfeito! Mas nem sempre é assim e muitas vezes é preciso preparar todas as refeições da semana em um único dia. Muitos pais perguntam se não tem perda de nutrientes importantes fazendo isso. É claro que tem. Mas são mínimas e ainda assim, estamos falando de comida natural e saudável, muito mais rica em nutrientes do que qualquer pacote encontrado nas prateleiras dos mercados. A dica é essa: separe um dia na semana e vá pra cozinha, de preferência com seu filho! Organize em potes de vidro todos os lanches da semana e até mesmo suas marmitas para levar ao trabalho, se for o caso. Peça para o nutricionista do seu filho receitas de alimentos que podem ficar guardados por alguns dias (como bolos, barrinhas de cerais e cookies caseiros), deixe as frutas da semana higienizadas e leve sempre uma garrafinha com água na lancheira. Se você tiver um pouco mais de tempo e puder preparar a lancheira na véspera, separe 20 minutinhos para isso. Deixe anotado o cardápio da semana para te auxiliar na hora de preparar os lanches. Existem muitas opções de lanches sudáveis e práticos, como tapioca, sanduíches naturais, ovo cozido, pipoca, e salada de frutas, por exemplo.

Você sabia que algumas das atividades que muitas crianças realizam na escola, na educação física, dança, ou outras atividades, algumas vezes acabam (mesmo que involuntariamente) por ajudar na introdução alimentar ou na sua alimentação?!

No próximo post continuaremos falando um pouco sobre o tema!

Estamos sempre disponíveis para tirar suas dúvidas pelo nosso contato psicooque@gmail.com.

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