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  • Foto do escritorAna Lorena

E agora?! Como identificar as Dificuldades de Aprendizagem Específicas?


No último post já percebemos que existem dois termos diferenciados referentes a origem da dificuldade na aprendizagem da criança! Os termos “Dificuldade de Aprendizagem” e “Dificuldade de Aprendizagem Específica (DAE)” que também é conhecido como “Transtorno da Aprendizagem” ou “Distúrbio da Aprendizagem”. (Clique aqui para ver o post sobre o assunto!)

Hoje vamos falar um pouco sobre alguns sinais importantes para se perceber a Dificuldade de Aprendizagem Específica (DAE), que é um pouco mais complexa no seu processo de diagnóstico.

O diagnóstico das DAE é clínico e observacional. Ou seja, depende de um acompanhamento da evolução da criança antes de se fechar o diagnóstico. Normalmente são observados alguns sinais e discutidos entre uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais como psicopedagogos, pedagogos, psicólogos, neuropsicologos, pedopsiquiatras, neurologistas infantis, psicomotricistas, fonoaudiologos,... Todos os profissionais envolvidos no aprendizado e desenvolvimento da criança contribuem na observação dos sinais que esta possa apresentar.

Diversos autores buscam conceituar as DAE e demarcar o caminho da sua identificação. A seguir serão apresentados os critérios baseados em Brinckerhoff, Shaw e McGuire (1993) retirados de Cruz (2009). Estes critérios são compostos por 4 níveis de investigação que devem ser feitas através de observações e avaliações clínicas.

Nível 1 – Discrepância intra individual

Neste nível, são observados dois fatores: o fracasso em algumas das habilidades da criança tais como audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, matemática ou temática de conhecimento. É também observado o sucesso da criança nestas mesmas habilidades. Estes sinais levam a percepção de uma discrepância intra individual, ou seja, do mesmo sujeito, que mostra fracasso em determinadas habilidades ao mesmo tempo que apresenta grande sucesso em outras.

É essencial lembrar que esta observação sozinha não revela uma DAE! Mas esta discrepância é comum em crianças que apresentam a dificuldade. Além disso, este nível elimina da possibilidade de DAE pessoas com “deficiencia mental” (atualmente não se utiliza muito este termo, mas sim Dificuldade Intelectual e do Desenvolvimento!).

Nível 2 – Discrepância Intrínseca ao Indivíduo

Neste nível são verificadas possíveis disfunções no Sistema Nervoso Central ou déficits no processamento de informação. Isso estaria ligado ao fracasso nas habilidades citadas. O resultado desta análise, somando ao nível 1, é aonde percebemos se a dificuldade é intrínseca à criança, ou seja, se a origem do problema está dentro da criança e não externo à ela.

Nível 3 – Considerações Relacionadas

Algumas outras áreas são observadas neste nível, tais como as habilidades psicossociais, habilidades físicas ou sensoriais. Apesar destas habilidades não fazerem parte das dificuldades apresentadas nas DAE, são considerados problemas associados à elas. Através desta observação é possível especificar ainda mais o programa de intervenção que será utilizado com a criança, além de ajudar na análise do próximo nível.

Nível 4 – Explicações Alternativas da DAE

Aqui ocorre uma tarefa crítica de identificação de fatores de exclusão ou explicações alternativas para as DAE. Os autores oferecem uma oportunidade para a equipe que analisa o caso da criança de identificar algum fator primário que não seja a DAE ou alguma explicação alternativa para as dificuldades identificadas nos níveis anteriores.

Cruz (2009) fala de muitos outros autores que buscam conceituar ou demarcar o caminho para a identificação das DAE. Em todos estes, é possível perceber que algumas condições se repetem, como por exemplo o fracasso nas tarefas, a discrepância entre o potencial e o rendimento (ou realização), os fatores de exclusão, os problemas nos processos psicológicos e as disfunções cerebrais mínimas (ou desordens neurológicas). Podemos considerar então estas condições como essenciais num processo de identificação das DAE.

Sabendo de tudo isso, finalizamos ressaltando que um fator com grande diferencial no caminho desta observação é a ausência de dispedagogia, ou seja, quando não há uma condição pedagógica inadequada. Dessa forma, só é possível dizer que há uma DAE quando já foram realizados os reajustes estratégicos para se chegar a uma pedagogia adequada à esta criança! (Fonseca, 1999, in Cruz, 2009).

Se tiver alguma dúvida sobre o assunto ou sugestões para próximos temas, mande pelo contato de email, pela página do Facebook “Psico o que?” ou nos comentários do instagram @psicooque!

Referências:

Cruz, V. (2009). Dificuldades de Aprendizagens Específicas. Lisboa: Lidel.


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